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5 de out. de 2011

Empirismo


    O empirismo foi uma importantíssima escola filosófica que consolidou uma nova forma de se pensar o mundo, em relação ao continente. Digo isso, pois, os principais autores são da ilha britânica. John Locke, David Hume e George Berkeley. Minha lembrança mais forte dos empiristas vem com Francis Bacon, o qual, segundo meus professores, abria a boca de cavalos para contar os dentes... Descobri posteriormente que não é Bacon, mas Hume o principal autor, que é o que apresenta uma primeira doutrina epistemológica falibilista (DUTRA, 2010).
   O autor que realmente marcou profundamente a história da epistemologia moderna foi Hume. Ainda que haja talvez certo exagero de Kant em dizer que foi Hume que o despertou de seu sono dogmático, Hume é o empirista que lançou o maior desafio para a epistemologia como um empreendimento que visava à fundamentação do conhecimento empírico em geral, inclusive aquele que encontramos nas ciências da natureza. (DUTRA, 2010).
   O desafio empirista retoma a linha de argumentação da tradição britânica que antecedeu os empiristas modernos do período entre Locke e Hume, isto é, os nominalistas medievais, que eram críticos do realismo platônico. Essa crítica se estendeu a toda metafísica e à ciência aristotélica com Francis Bacon (o do cavalo)(DUTRA, 2010).
   E Hume é, de fato, um autor de fundamental importância nesse processo. Ele não apenas desafiou o dogmatismo continental, mas também os próprios objetivos do empirismo, aqueles de fundamentar o conhecimento na experiência e nas capacidades do entendimento humano.(DUTRA, 2010).
   Alguns modelos de intelecto foram adotados pelos autores empiristas. Os principais segundo Dutra (2010):

   1- Hobbes que descreveu o conhecimento como um processo iniciado fora do organismo humano, pela ação causal dos objetos fora de nós sobre nossos órgãos dos sentidos, e explicava a continuação desse processo, dentro do organismo, por meio da determinados mecanismos, inclusive o papel desempenhado pela linguagem.
   2- Hume que se concentrou nos mecanismos (princípios) que permitem a aquisição de ideias e as relações entre elas. (falarei muito mais sobre ele em um tópico exclusivo, quando tiver tempo).
   3- Locke que assim como Hobbes, levava a linguagem em consideração, e assim como Hume visava à descrição dos mecanismos mentais que permitem adquirir ideias e combiná-las. Um dos pontos principais do pensamento epistemológico de Locke é a crítica à doutrina das ideias inatas de Descartes, em particular, às ideias metafísicas, como "substância", "essência" etc., inclusive a ideia de Deus. O objetivo geral de Locke era mostrar que todas as nossas ideias têm origem na experiência, e que o entendimento possui meios pelos quais pode combiná-las. Para Locke, temos ideias provindas da sensação, isto é, o sentido externo, que nos coloca em relação com as coisas externas a nós. Mas temos também ideias provindas da reflexão, que é o sentido interno, por meio do qual temos percepções de nossos próprios processos mentais.

   A grande sacada da escola empirista foi inverter o fluxo das ideias, sendo que para os racionalistas essas deveriam vir de dentro para fora, e aos empiristas, em primeira instancia, de fora para dentro. Não se perde de todo o argumento de Descartes (2006), algumas de suas considerações como a forma de combinar ideias e o onipresente método axiomático (de origem euclidiana) ainda são válidos e amplamente utilizados. É verdade que pensar em uma ciência livre das experiências não é digna de atenção. Nem mesmo se considerarmos experiências da mesma forma como Descartes (2006). O que a escola empírica fez não foi apenas o óbvio ululante de propor que as experiências de fato contribuem (e muito) para a formação de nossas ideias, eles, de fato, investigaram um pouco mais a fundo, e inclusive discutem como elas são organizadas, agrupadas, como o raciocínio participa do processo, como é possível ter idéias racionais (não puras) e o mais importante, Hume desafia nossa capacidade de entendimento do mundo quando afirma que o Hábito nos cega a verdade dos fatos e que não só somos influenciados pela experiência, quanto muitas vezes produzimos conhecimento sem ao menos nos darmos conta do processo. Eu me identifiquei bastante com esses autores, embora..., gostaria de propor uma inclusão epistemológica que fará um salto de 400 anos... uma tese já surge em minha cabeça e nela ficará até que eu mesmo a destrua ou me convença que é forte o suficiente para ser divulgada.
   Falei de ideia, mas não defini o termo. Para Locke, ideia é tudo aquilo que está presente no entendimento. Para Hume, ao contrário, as ideias são cópias de impressões. O termo mais geral empregado por Hume é "percepção". Nossas percepções se dividem, segundo ele, em impressões e ideias, e as primeiras são as mais fortes ou vivazes; as segundas, as menos vivazes ou mais fracas. As ideias são mais "fracas" porque são cópias de impressões. O mais importante no modelo de Hume são as formas pelas quais combinamos nossas ideias. Segundo ele, são três os princípios de associação de ideias: (DUTRA, 2010).

   1. Semelhança;
   2. Contiguidade (de tempo ou de lugar); e
   3. Causa e efeito.

  Semelhança é literal, lembro de algo quando já tinha visto algo semelhante antes. Contiguidade é o fato de lembrar de coisas porque associo que aconteceram em sequencia cronológica ou simplesmente por terem ocupado o mesmo espaço ou lugares vizinhos. Já causa e efeito levará algum tempo para explicar. Deixarei essa parte mais saborosa da teoria para o post que traz o fichamento do livro Investigação sobre o entendimento humano.



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