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25 de ago. de 2011

Afinal, o que é Inferência??



     Todos nós inferimos o tempo todo. E vez por outra vejo um artigo científico dizendo que também está o fazendo (quando na realidade não está). O conceito de inferência é muito simples e não carece de um longo post. Mas é muito importante e deve ser abordado.
     Existem duas formas de se chegar a um conhecimento. Através das construções lógicas (como foi visto aqui), ou através de inferência. Em comparação, a inferência é o processo mais simples de conhecimento, já que através da lógica necessitamos de um certo esforço intelectual. Inferência é conhecimento de algo unicamente pelo sentido e pelo nosso julgamento.
   Quando consideramos uma inferência do ponto de vista psicológico, o que está em questão é o conteúdo das proposições envolvidas, seus significados, e não a forma lógica do argumento que resulta em colocar tais proposições em relação, que é a preocupação da lógica. Inferir um objeto a partir de outro é então supor que certos dados ou informações testemunham a existência do objeto inferido. (DUTRA, 2010).
    Quando vemos um carro na rua e tomamos conhecimento dele como tal, realizamos um processo de inferência. Simples assim. Para toda e qualquer pergunta de pesquisa (simples) teremos uma resposta baseada em conhecimento inferencial. Sempre acharemos uma resposta pronta em nossa cabeça que consideramos verdade ou com grande probabilidade de ser real. Daí um motivo para o quase infindável processo de se propor algo inédito no doutorado, é impossível pensar em algo que não se conhece.
     Como nossas inferências podem estar erradas, obviamente, desejamos ter segurança em fazê-la. Isso tem relação com a necessidade de um critério para avaliarmos nossas inferências. Em geral, nossas inferências da vida real são aquelas que se apresentam como "a melhor explicação". (DUTRA, 2010).
     Neste caso, estamos tomando a inferência como o processo pelo qual passamos de certo objeto de conhecimento para outro, independente de se tratar de uma boa ou  de uma má inferência. Fazer uma inferência é presumir a existência de um objeto a partir de poucas informações (DUTRA, 2010).
     No seu livro, Dutra (2010) dá o exemplo de que se ao escutarmos barulhos de miado do lado de fora da casa, faríamos a inferência de que existe um gato no jardim. De fato isso é o nosso conhecimento, porém, existe também a possibilidade do barulho vir de uma caixa de som e não de um animal, dessa forma, inferências também podem nos levar a erros.
    O erro da inferência é comum. Na verdade nossos sentidos são limitados e em algumas situações podemos facilmente sermos enganados por ele (como aquiaqui), nos levando a um conhecimento que não corresponde com a realidade. Por este motivo, Russel (1994, p.149) afirma que "Onde for possível, construções lógicas devem ser postas no lugar de entidades inferidas". 
    A estratégia de construção (lógica) de objetos, quando é possível, é vantajosa por representar uma saída evasiva para o problema de distinguir ficção de realidade. Mas, como nem sempre as construções lógicas são possíveis, às vezes, não há maneira de ampliar nosso conhecimento a não ser por meio de inferências. Nesse caso, o problema do critério para separar realidade de ficção permanece, e a epistemologia deve lidar também com ele.


22 de ago. de 2011

Afinal, o que é a Verdade?



     Duas proposições são coerentes quando ambas podem ser verdadeiras, e são incoerentes quando uma, pelo menos, deve ser falsa. Mas a fim de saber se duas proposições são ambas verdadeiras devemos conhecer verdades como a lei de contradição. (RUSSELL, 2005).
    Verdade e falsidade são dois lados da moeda mais utilizada em qualquer estudo. Mas sua definição é certamente de rara aparição, tomemos como conceitos já conhecidos por todos. O que de fato não são. A verdade objetiva ou subjetiva obedece a regras, que a tornam verdadeira, ou falsa.
    O conhecer é um verbo que não possui antônimo. Ou se conhece, ou não se conhece, mas uma vez que está conhecido, não há palavra para explanar um falso conhecimento, ao contrário da verdade, que em sua forma oposta se torna falsidade. Quando conhecemos uma pedra, pedra está que é fruto do nosso conhecimento e só, entretanto poderemos pensar em verdades e falsidades sobre a pedra. Nosso objeto de estudo aqui é a verdade, e não o conhecimento (que já foi abordado aqui, aqui, aqui e aqui).
   Russell (2005) levanta então três pontos necessários para o entendimento da verdade:

   1) A teoria da verdade deve ser tal que admita o seu oposto, a falsidade, visto que no caso do conhecimento direto não era necessário levar em conta o oposto.
   2) De fato, a verdade e a falsidade são propriedades das crenças e dos enunciados; portanto, um mundo de pura matéria, dado que não conteria crenças nem enunciados, não conteria tampouco verde ou falsidade.
   3) A verdade ou falsidade de uma crença sempre depende de alguma coisa externa à própria crença. Portanto, embora a verdade e a falsidade sejam propriedades das crenças, elas são propriedades que dependem das relações das crenças com outras coisas, não de alguma qualidade interna das crenças.

    A verdade consiste em uma forma de correspondência entre a crença e o fato. (RUSSELL, 2005). Ela está externa as crenças, e de certa forma externa aos fatos também, é firme então na relação entre estes, sabe-se que realidade e verdade são coisas distintas, e o que as fazem correspondentes é o conceito de coerência (abordado aqui e aqui).
   É possível que, com suficiente imaginação, um romancista possa inventar um passado para o mundo que seja perfeitamente compatível com o que conhecemos e, não obstante, seja completamente diferente do passado real. Em muitas questões científicas é certo que existem frequentes duas ou mais hipóteses que explicam todos os fatos conhecidos sobre algum assunto, e embora em tais casos os cientistas tentem encontrar fatos que excluam todas as hipóteses exceto uma, não existe razão alguma para que sempre sejam bem sucedidos.(RUSSELL, 2005).
   Jamais haverá garantia de que conhecemos o mundo como ele realmente é, apenas podemos dizer que nossa verdade é compatível com o que dele percebemos. E para isso existe método.
   Também na filosofia não parece incomum que duas hipóteses rivais sejam ambas capazes de explicar todos os fatos. A outra objeção a esta definição  da verdade é que ela supõe que sabemos o significado de "coerência", enquanto que, na realidade, a "coerência" pressupõe a verdade das leis da lógica. Por estas duas razões, a coerência não pode ser aceita como algo que fornece o significado da verdade, embora seja frequentemente um importante teste da verdade depois que certa soma de verdade nos é conhecida (RUSSELL, 2005).
    Sendo assim, o conceito que sustenta a verdade é a correspondência com o fato. Vamos mais fundo nessa afirmação de Russell (2005). Ele vincula verdade a crença. Não à justificação da crença, que é papel da epistemologia, mas a correspondência entre os fatos da crença. A mente ao propor uma crença qualquer não pode afirmar se esta é verdadeira ou falsa, mas ela pode afirmar que existem objetivos e relacionamentos presentes na crença. Por exemplo: Pedro acredita que Paulo ama Maria, neste exemplo temos quatro termos (A) Pedro, (B) Paulo, (C) Maria e (D) ama. Neste caso A julga B e C através de D. Sendo A o sujeito da ação de julgar e os demais objetos.
   O que denominamos crença ou juízo não é outra coisa a não ser esta relação de acreditar ou julgar, que relaciona uma mente com várias coisas diferentes dela mesma. Um ato de crença ou se juízo é a ocorrência entre certos termos em um tempo determinado da relação de acreditar ou julgar. Em todo ato de juízo há uma mente que julga e os termos sobre os quais ele julga. (RUSSELL, 2005).
   No nosso exemplo a mente A, julga que B, C e D existem e desta forma a crença torna-se verdadeira, se qualquer um não tiver sua existência comprovada (por método de pesquisa) a crença é falsa. Por exemplo, Pedro acredita que João ama Maria, ou Pedro acredita que Paulo odeia Maria, ou Pedro acredita que Paulo ama Ana. Em todos os exemplos há uma não existência de um dos objetos da crença original, o que a torna falsa.
   Assim, uma crença é verdadeira quado ela corresponde a um determinado complexo associado, e falsa quando não corresponde. Admitamos, para maior clareza, que os objetos das crenças sejam dois termos e uma relação e que os termos sejam colocados numa certa ordem pelo "sentido" de acreditar. Então, se os dois termos naquela ordem são unidos num complexo pela relação, a crença é verdadeira; se não, ela é falsa. (RUSSELL, 2005).
   Lembremos, as crenças são fruto das mentes e dependem desta para sua existência (em nenhuma conexão com a realidade ou conhecimento), mas estas não dependem da mente para serem verdadeiras (dependem exclusivamente de fatores externos, da percepção nossa da realidade, e suas relações).
   Como se pode ver, a mente não cria a verdade ou a falsidade. Ela cria as crenças, mas uma vez criadas, a mente não pode torná-las verdadeiras ou falsas, exceto no caso especial onde elas dizem respeito às coisas futuras que estão dentro do poder da pessoa acreditar, como tomar o trem. O que torna uma crença verdadeira é um fato, e este fato não envolve de modo algum (exceto em casos excepcionais) a mente da pessoa que tem a crença. (RUSSELL, 2005)
 
    E se a noção intuitiva de verdade como uma espécie de acordo entre a crença e uma instância exterior (fatos) for mantida, então podemos ter opiniões verdadeiras de cuja verdade não sabemos. Á primeira vista, essa situação é desconcertante, pois seria natural desejar que também fossem verdadeiras aquelas opiniões das quais temos certeza. Mas a certeza não é um critério indicativo de verdade (DUTRA, 2010).
   E desapoiados dos dados primários, tudo que construímos são crenças e não verdades. E das crenças tudo pode ser afirmar, sobretudo que são falsas. E das verdades que foram construídas sobre dados de métodos sem rigor, não é justo que tomemos como falsos, porém nada mais são do que crenças.





18 de ago. de 2011

Teoria do conhecimento



     Esse post apresenta o fichamento do livro Teoria do conhecimento que é de Alberto Oliva (2011) e integra a colação Filosofia Passo-a-passo.

    Se epistemologia é comumente definida como teoria do conhecimento. Nada mais necessário que se aprofundar em teoria do conhecimento. Sabemos que o conhecimento é proveniente das crenças que devem ser justificadas sob determinada lógica, como foi visto aqui e aqui. Mas todo conhecimento é igual? Nops. Podemos apontar pelo menos 3 tipos de conhecimento, e eles são: (OLIVA, 2011).

1. Saber fazer: conhecimento por aptidão
    É quando o conhecimento é usado com o sentido de saber como, de saber fazer (know how). O saber que possibilita a realização competente de algo é uma forma de conhecimento. Dispensa justificação por este ser adquirido (ou inato) sem necessidade de fundamentação. É livre à fundamentação teórica.

2. Conhecimento por contato
    Conhecer ter ter estado lá, de ter entrado em contato direto. Neste caso o objeto é diretamente apreendido, não há necessidade de mediação de qualquer processo de inferência ou de qualquer conhecimento da verdade, baseado nos sentidos. É nele que Russell (2005) acredita estar o maior grau de certeza do sujeito ao se construir crenças, ou proposições.

3. Conhecimento proposicional
    É o conhecimento por descrição, e sobre ele se aplica a definição de conhecimento como crença verdadeira e justificada. (já deu pra notar que eles se embolam uns com os outros). Como o conhecimento proposicional resulta da relação entre uma pessoa e uma proposição verdadeira, saber em que consiste essa relação - em especial, saber que condições são necessárioas e suficientes para S saber que P - é o grande desafio da epistemologia. É dele que se ocupa o livro de Oliva (2011) e que é fichado neste post.

    O conhecimento diferencia-se da metodologia pois o segundo busca formas de como obter conhecimento, enquanto o segundo examina a si mesmo. A definição clássica de conhecimento - como crença verdadeira e justificada - requer também a existência de crenças verdadeiras e justificadas sobre como o conhecimento é possível. São essas crenças de segunda ordem que constituem a problemática central dos estudos epistemológicos. A epistemologia é conhecimento do conhecimento. (OLIVA, 2011, p.15).
    Oliver (2011) argumenta que a epistemologia é caracterizada pela atividade de busca de conhecimento como um jogo puro do espírito, sem ambiência socioeconômica. Eu ainda não estou aceitando esta ideia muito bem, já que as crenças surgem de pressupostos que podem vir do conhecimento de contato, o contexto socioeconômico é sim incluso. Sustendo essa argumentação me baseando em Russell (2005).

Onde buscar conhecimento?
    Questão destacada pela epistemologia é a referente às fontes do conhecimento. Tradicionalmente, são apontadas quatro fontes: a sensação, a memória, a introspecção (a apreensão de nossos próprios estados mentais) e a razão. As três primeiras costumam ser agrupadas sob a rubrica genérica de "experiência". As duas mais importantes e influentes à pergunta de onde provém o conhecimento têm sido: a experiência e a razão. (OLIVA, 2011)
    As diversas escolas epistemológicas se diferenciam em relação a gênese do conhecimento. Bacon e Descartes advogam que o conhecimento tem uma e apenas uma "matriz genética", e que se pode ter total confiança nos resultados dela derivados. Para Bacon o que interessa é o empirismo, a observação (percepção). Para Descartes, é fruto do puto exercício da razão. (OLIVA, 2011).
    Descartes então era cético em relação aos sentidos, pois acredita que se é capaz de chegar ao conhecimento verdadeiro e certo pela razão. Mas acreditava que o fato de não inspirar absoluta confiança, por eventualmente induzir a enganos, não é suficiente para desqualificar completamente uma fonte (mesmo porque pode ser que não exista outra melhor). Só cabe desconsiderar uma fonte (comprovadamente falha) quando se dispõe de alternativa superior. (OLIVA, 2011)

Teorias da justificação epistêmica
     Primeiramente dividamos em dois grupos as teorias da justificação. Internalista no caso de todos os fatores requeridos para a justificação de uma crença serem diretamente acessíveis ao conhecedor, no caso de ele poder determinar por meio de introspecção cuidadosa se as crenças que adota são justificadas. Externalista é a que situa alguns dos fatores justificatórios para além do alcance (direto) do conhecedor. (OLIVA, 2011, p.52)
    Entre os internalistas, existe ainda outra divisão, fundacionalismo e coerentismo. Já os externalistas se baseiam no confiabilismo. (OLIVA, 2011)

    O Fundacionalismo
    Ele acredita que existem algumas crenças que não necessitam de justificação baseada em outras (são completas por si só). Confiam na intuição racional e na inferência dedutiva. São representados principalmente por Aristóteles, Descartes, Russell e Carnap.

    O Coerentismo
    Para se justificar, qualquer crença depende das relações inferenciais que mantém com outras e com o sistema geral de crenças do sujeito. A busca de sólida justificação prescinde da hierarquização das crenças e da dependência estrutural de um tipo de crença a outro. S terá justificação para acreditar que p se e somente se o valor de coerência do sistema de crenças de S ficar maior com a inclusão da crença p do que ficaria sem ela. Pela concepção sistêmica de conhecimento, cada crença tem valor apenas posicional, funcional. Desse modo, não cabe falar de justificação individualizada, só de interativa. São representados por Bradley, Bosaquet, Blanshard e Neurath.

    O Confiabilismo
    A segurança dos processos. Enquanto o fundacionalismo e o coerentismo entendem haver uma imbricação entre conhecimento e verdade, o confiabilismo dá destaque aos fatores promotores da verdade, definindo justificação em termos de frequência na obtenção de verdades. Em 1929 Ramsey propôs uma versão pioneira do confiabilismo ao afirmar que uma crença é conhecimento se verdadeira, certa e obtida por meio de um processo confiável.

16 de ago. de 2011

O argumento de Russell


     Ainda sobre epistemologia, minha mente ferve. Russell, em seu livro "Os problemas da filosofia" original de 1912 inicia o capítulo 13 com a seguinte questão: "Podemos conhecer algo, com efeito, ou só de vez em quando por uma feliz coincidência, acreditarmos que é verdadeiro?" (RUSSELL, 2005).
     Até agora entendemos por conhecimento as proposições justificadas sob a luz da epistemologia (independente de corrente) (DUTRA, 2010), entretanto, Gettier (1963) afirma, ou nos desafia, que mesmo assim não há garantias de encontrarmos a verdade, jogando uma grande pá de terra em cima do que tínhamos como realidade, a partir da lógica epistemológica. Preciso de uma terceira voz, alguém para desempatar o jogo, pois até então ambos argumentos parecem razoáveis, embora sejam conflitantes.
    Entendamos novamente o significado da palavra conhecimento. Uma crença justificada não é necessariamente um conhecimento (RUSSELL, 2005). Algumas crenças, mesmo verdadeiras, não são conhecimento, pois, para Russell (2005) fica claro que uma crença verdadeira não é um conhecimento quando é deduzida de uma crença falsa. Mesmo que (e principalmente quando) o sujeito acredite que a crença falsa, é verdadeira... Argumento de Russell (2005) e também de Gettier (1963). Ele até agora só fala o que não é, mas não fala o que é... já to vendo tudo, meus miolos vão fritar.
    Ainda sobre o que não é conhecimento. Um erro de lógica, é conhecido como falacia. Nessas situações conhecimento nenhum será gerado, mesmo que as premissas sejam verdadeiras, por falha na lógica. Por exemplo:
   Se sei que todos os gregos são homens e que Sócrates era homem, e infiro que Sócrates era grego, não se pode dizer que sei que Sócrates era grego, porque, embora as premissas e a conclusão sejam verdadeiras, a conclusão não se segue das premissas.

     Então para que haja conhecimento as premissas devem ser verdadeiras, a lógica deve estar correta e as premissas também devem ser conhecidas. Para Russell (2005) então, o conhecimento é o que é validamente deduzido de premissas conhecidas. Mas como o sujeito conhece as premissas é onde mora o problema. Bem lembremos que Dutra (2010) excluí essa responsabilidade do campo da epistemologia, tratando somente o conhecimento derivado.
     O conhecimento derivado é aquele que é deduzido de forma válida de premissas conhecidas intuitivamente. Ou seja, não nos importemos de onde vieram as crenças, mas se estas foram justificáveis, e a lógica dedutiva estiver correta, atingiremos o conhecimento (derivado).
     Fácil? Vou complicar mais. Um sujeito pode conceber uma crença verdadeira intuitivamente a qual pode ser inferida de modo válido, mas a partir do qual não foi, de fato, inferido por um método lógico (RUSSELL, 2005).
    Todo nosso problema gira em torno do conhecimento intuitivo. Para o conhecimento derivado sempre será possível recair sobre o conhecimento intuitivo. Quando assumimos crenças e deduções, nosso erro será perdoado se deixarmos nos enganar pelo conhecimento intuitivo, sempre pela desculpa da incapacidade de saber que ele estava errado. Para Gettier (1963) essa desculpa é de amarelo e o problema está realmente no método dedutivo, enquanto Russell (2005) coloca um parenteses nas crenças, chama de conhecimento indutivo, aprova o método dedutivo, e fica com um abacaxi na mão.
    O abacaxi é o conhecimento intuitivo que é constituído pela crença e pela percepção (no sentido simples mesmo). Em relação a todo fato então existem duas formas de assumirmos conhecimento: (1) por meio de um juízo, no qual se julga que suas diversas partes relacionam-se; e (2) por meio do conhecimento direto do próprio fato complexo, o qual pode ser denominado de percepção. A primeira nos dá uma garantia parcial da verdade enquanto a segundo uma garantia total. A secunda exige a ocorrência real do fato não tenta discutir realidade agora que já tenho problemas demais, já a primeira... talvez não.
    Slow down! Deixa eu entender uma coisa. Gettier (1963) disse que a dedução era uma coisa errada por gênese e não sugere nada, mas eis que Russell (2005), sugere que o problema não é na dedução como um todo, mas apenas naquelas onde as crenças são obtidas por meio de juízo (qualquer coisa que não o empirismo). Olha que legal, parece que a escola empirista não precisa de mais nada para se justificar. Vamos ver como Russell (2005) resolve então a questão das crenças de juízo.
    Imagine um grau de certeza em relação aos conhecimentos intuitivos. Chamemos de muita certeza algo que você percebe com seus sentidos e é tangível o suficiente para não lhe causar nenhum princípio de dúvida, e chamemos de pouca certeza uma crença que é duvidoso. Se, nesta escala, o sujeito possui certeza, o fato foi observado pelos sentidos e não resta dúvida, temos um conhecimento. Se o sujeito tem certeza de que não pode afirmar se o fato foi observado ou não, chamemos de erro. Mas se em algum grau há uma dúvida sobre a realidade do fato, com base em inferência lógica ou psicológica, temos a opinião provável. (RUSSELL, 2005).
    "Um corpo de opiniões individualmente prováveis, se são mutuamente coerentes, tornam-se mais prováveis do que seria cada uma individualmente. É desta maneira que muitas hipóteses adquirem sua probabilidade. Elas se organizam num sistema coerente de opiniões prováveis, e, assim, tornam-se mais prováveis do que o seriam isoladamente" (RUSSELL, 2005).
    Está então resolvido o problema, ufa. Conhecimento é uma crença justificada sob lógica dedutiva baseado em premissas verdadeiras, verificáveis e reais. Quando das premissas não se pode afirmar sua veracidade (realidade), chama-se opiniões prováveis. Com forme mais pessoas apostam em uma mesma opinião provável, maior a probabilidade desta se tornar conhecimento. E como nós sabemos que a epistemologia não observa as premissas, apenas a justificação (DUTRA, 2010), ela se livra de um questionamento desqualificante e por esta saída intelectual genial de Russell (2005) ao problema de Gettier (1963), podemos continuar nossa aventura no mundo da epistemologia, agora mais bem mais forte.

15 de ago. de 2011

O argumento de Gettier

   

     Até onde pude observar nos demais trabalhos um dos clássicos na área é o artigo "Is justified true belief knowledge?" (algo como = Uma crença real justificada é conhecimento?) de Edmund Gettier. O texto de 1963 tem 3 páginas. É com grande desconfiança que abro o pdf. Eis que me deparo com o pior, o texto é em tópicos e no total apenas uns 10 parágrafos. Não é possível!! Eis que leio o texto, pqp, o cara é foda mesmo. Vou apresentar aqui o meu fichamento sem nenhuma pretensão que seja fácil de entender inclusive para mim.
    Como já foi dito, epistemologia envolve mais lógica do que prega o senso comum. Então o que é discutido aqui é justamente isso. Tomemos 3 soluções lógicas para o mesmo problema (favor não pensar em nenhuma escola epistemológica, apenas no mecanismo puro).

    Problema: É verdade que S conhece P se (tem que ser pausado e sempre repetindo o enunciado antes de cada situação para não ficar maluco):

(a) P for verdadeiro / S acredita em P / S tem justificativa para crer em P
(b) S aceita P / S tem evidencias adequadas para P / P for verdadeiro
(c) P for verdadeiro / S estiver certo de que P é verdadeiro / S tem o direito de estar certo que P é verdadeiro

    Qual é a correta, uma, todas ou nenhuma? Nenhuma delas. A grande intervenção de Gettier (1963) foi justamente essa, ele afirma primeiro que todas elas falham na questão relativa a teoria da justificação. Elas na verdade se igualam pois "S tem justificativa para crer em P" equivale à "S tem evidencias adequadas para P" que equivale também à "S tem o direito de estar certo que P". E essas três sentenças são destruídas pelo argumento: é possível que uma pessoa tenha uma crença justificada em uma preposição que é falsa. Ou seja, se a epistemologia dependa da justificação, esta não e garantia de verdade. Heim????
    Calma que ainda tem mais confusão. Se S tem um conhecimento justificado em P e P implica em Q, e S deduz Q de P e aceita Q como resultado desta dedução, então S tem uma crença justificada em Q. durma com uma bronca dessas.
   
    Até então, Gettier (1963) conseguiu desconstruir a lógica baseada em justificação. É como se um aluno qualquer ao escrever sua tese tivesse condições plenas de justificar teoricamente suas proposições, porém, sem garantia nenhuma que mesmo justificadas estas são verdadeiras. Dois casos são apresentados no artigo de Gettier (1963): (já que são pequenos, irei traduzir, as minhas anotações estão em itálico)

Caso Primeiro
     Suponhamos que Smith e Jones vão tentar um emprego. E suponhamos que Smith tem fortes evidencias para:

     (d) Jones é o homem que conseguirá o emprego (devido a uma informação privilegiada do presidente da empresa), e Jones tem 10 moedas no bolso (Smith as contou dez minutos atrás).
    (e) O homem que conseguirá o emprego tem 10 moedas no bolso.

    Perceba que são apresentadas as sentenças declarativas juntamente com as suas justificações, e segundo os pressupostos lógicos, tudo isso é verdade, S conhece P.


    Smith tem crenças justificadas sobre (d), mas acredita em (e) por dedução. Sendo assim, (e) é verdadeiro para ele. Quase todo nosso conhecimento é construído desta forma, pode parar pra pensar.
    Imaginemos então que desconhecidamente, Jones não consegue o emprego, quem consegue é o próprio Smith. E também desconhecidamente Smith tem dez moedas em seu bolso. A proposição (e) permanece verdadeira, enquanto a preposição (d) tornou-se falsa.
    Ficamos então assim: (e) é verdadeira, Smith acredita quem (e) é verdadeira e Smith tem crenças justificadas de que (e) é verdadeira. O que Smith não sabe é que (e) é verdadeira em virtude do número de moedas que ele mesmo tem em seu bolso, informação que ele não sabia. Então Smith acreditou em (e) baseado em uma falsa informação sobre o homem que iria conseguir o emprego.

Caso Segundo
     No outro exemplo Gettier (1963) imagina que Smith tem uma crença justificável de quem (f) Jones tem um carro Ford (por que sempre o viu com um desses). Existem também um outro amigo chamado Brown, sob o qual Smith não tem mas nenhuma informação. Então ao acaso ele escolhe três lugares e constrói as seguintes proposições:

(g) Ou Jones tem um Ford, ou Brown está em Boston;
(h) Ou Jones tem um Ford, ou Brown está em Barcelona;
(i) Ou Jones tem um Ford, ou Brown está em Brest-Litovsk.

    Todas essas proposições são implicações de (f). Imaginemos que Smith acredita, devido a fortes evidencias em (f) e logo aceita também como verdade (g), (h) e (i). Pois Smith não faz a menor ideia de onde realmente está Brown.
    Mas imaginemos que Jones não tem um Ford, ele na verdade dirigia um carro alugado, e por uma coincidência Brown está vivendo em Barcelona. Sendo assim: (h) é verdadeira, Smith acredita que (h) é verdadeira e Smith tem uma crença justificável de que (h) é verdadeira.

    Gettier (1963) demonstrou que os raciocínios lógicos apresentados não são suficientes para assumirmos que S conhece P.


    Sem mais exemplos, sabemos agora que uma pesquisa muito bem justificada, pode chegar a um resultado falso. Isso porque a dedução lógica não prevê eventos desconhecidos. E como saber que eles existem, já que são desconhecidos?
    O argumento de Gettier (1963) destrói a nossa figura do post sobre epistemologia e pior, questiona toda nossa lógica epistemológica da teoria da justificação. Nada ficará sem resposta, mas no momento já disse demais por hoje.




 

 

14 de ago. de 2011

Afinal, o que é Epistemologia?



     É recorrente lermos e ouvirmos a palavra epistemologia sendo utilizada de forma imprópria, indevida e errônea. Palavras como essa tem gosto doce na boca dos preguiçosos, que para qualquer discussão mais densa lhe jogam a responsabilidade e fazem cara de certeza: "mas isto é uma questão epistemológica!". O que criou uma legião de analfabetos funcionais epistemológicos. Eis que as definições (sim, no plural) são bem mais simples do que parecem, e ao contrário do uso corriqueiro, elas criam níveis de comparação possíveis e não impossíveis.
     Algumas definições prévias para epistemologia:
     - "A epistemologia, também chamada teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético?". (GRAYLING, 1996)
    - "Epistemologia ou teoria do conhecimento (do grego"episteme" - ciência, conhecimento; "logos" - discurso), é um ramo da filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento." (BOFF, 2007)
    - "Do grego epistéme, ou seja, "ciência" ou "conhecimento", e logos , que significa "discurso". Epistemologia é o estudo crítico das ciências, com o objectivo de determinar a sua origem lógica e o seu valor. É a teoria do conhecimento e da sua validade. A epistemologia, ou filosofia da ciência, é a disciplina que examina os problemas relativos ao significado da ciência, à sua estrutura e ao seu papel." (LOPES, 2010)


    Epistemologia é definida como teoria do conhecimento, mas também entram aqui as teorias da investigação e teorias da justificação. É verdade que as teorias da investigação não são abordadas por grande parte dos epistemólogos, que deixam essa tarefa para pessoas mais preocupadas com metodologias de pesquisa (no caso eu).
    Se de fato investigar não é próprio dos epistemólogos, nos resta uma preciosa pista na direção do que estas pessoas fazem, elas se preocupam com o conhecimento proposicional (DUTRA, 2010). Ou seja, as pessoas criam sentenças declarativas que tem a função de descrever o estado das coisas.
    Que fique claro: a epistemologia não se preocupa com como foram criadas as sentenças declarativas, mas se preocupa com sua justificação.
    Ou seja, "a epistemologia (teoria do conhecimento) deve explicar de que maneira o conhecimento proposicional pode ser justificado" (DUTRA, 2010). Eu fico com essa definição e descarto todas apresentadas anteriormente sobre a prerrogativa de que são demasiadamente superficiais. Entenda-se por justificar: A sustentação das opiniões e afirmações de forma não apenas convincente, mas imune a críticas razoáveis (DUTRA, 2010).
   Senhoras e senhores, chegamos na mais pura tangibilidade do conceito epistemologia, você elabora uma tese (uma proposição ou mesmo hipótese) e escreve uma dissertação para justificá-la (no sentido que acabei de apresentar) e desta forma, tudo que faz entre o insight original e a aplicação do método de pesquisa é epistemologia. Não importando para essa disciplina de onde veio sua ideia e muito menos como irá investigá-la (eu ainda acho que isso é controverso).
   Os recursos que restam então aos epistemólogos são puramente lógicos e analíticos (DUTRA, 2010). Só que para fuder tudo a lógica e a análise não pode jamais ser oriunda de sua cabeça, por mais que você queira, e é aqui, nesse momento que se distinguem os homens dos meninos. Você é obrigado literalmente a utilizar critérios já determinados por alguma escola do conhecimento (por exemplo, Realismo, Empirismo, Filosofia crítica, Positivismo lógico...). E cada escola praticamente desconstrói todas as demais, então nada de mistureba, há de se estudar superficialmente todas, adotar em profundidade uma, entender seus mecanismos lógicos e analíticos, para então sentar a bunda na cadeira e iniciar a análise do seu referencial teórico. Atire a primeira pedra quem faz isso, e atire duas o orientador que ensina isso para os orientandos.
   Meu objetivo aqui era simplesmente esse, definir o termo epistemologia. Com mais tempo irei entrar de cabeça em cada uma das principais escolas do conhecimento com um objetivo claro e definido: retirar dela os mecanismos lógicos e analíticos que permitem justificar a minha sentença declarativa e deixá-la pronta para investigação.
   Tarefa de casa: Volte para a figura inicial e diga se concorda ou não com ela e por quê. Dica: resposta.

13 de ago. de 2011

Casa-grande & Senzala



     Gilberto Freyre, o homem do aeroporto, foi um gênio. E vou começar minha longa caminhada justamente por ele. Justamente pela sua popularidade e justamente, é claro, por sua pesquisa. Tão grande minha surpresa quando percebi que muita gente acha que o Casa-grande & senzala é um romance. Não, não e não. Freyre (2006) não fez isso. Seu mais famoso livro é na verdade um fragmento de sua tese de doutorado. Ou seja, é um relatório de sua pesquisa de doutoramento, e isso muito me interessa.
     Devemos nos render aos encantos de Casa-grande que é um livro muito bem escrito, com uma linguagem agradabilíssima que ao final deixa aquela saudade que só os bons livros deixam. Gilberto Freyre fez mestrado nos EUA e doutorado em Portugal. Perdoem a minha ignorância, mas isso na década de 1920 e 1930 talvez signifique que o rapaz cruzou o atlântico a barco. E sendo assim, é o equivalente hoje a ir à Lua.
    Freyre foi um homem à frente do seu tempo, primeiramente porque teve condições de se aventurar mundo afora, e mais ainda por ter uma visão que até então ninguém tinha apresentado com tamanha coerência. Casa-grande é carregado de um otimismo surpreendente, onde o senhor de engenho, o escravo e o índio se misturam docemente para a composição do povo brasileiro. E que mistura. Qualquer que o leia sem conhecer a história do Brasil é capaz de acreditar em algo improvável, a compaixão do senhor de engenho com seus escravos, que muitas vezes eram tratados como pessoas próximas que vivem em sua casa.
    É certo que ao final, na prorrogação do segundo tempo Freyre  (2006) apresenta uma realidade inconveniente onde concorda que o povo africano aqui escravizado sofreu de diversas formas distintas, desde mal tratos até o famoso banzo e as doenças. Mas o brilho maior desta obra é omitida por quem a lê. A pesquisa. Brilhante, improvável.
    Freyre (2006) fez uma pesquisa histórica, baseada em documentos e indefinida quanto ao seu propósito (uma vez que a tese não é apresentada). Há contudo indícios de que esta se trata de uma pesquisa descritiva, e revisão documental descritiva é show. Lógico que estamos falando da década de 1930 e muitas das técnicas de análise de documentos nem existiam ainda.
    Vamos aos fatos, dois capítulos dedicados ao escravo negro. Uma feroz defesa da tese do professor Afrânio Peixoto (a superioridade do negro ao índio) na página 368 e um ataque desproporcional à Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que a negou na mesma página são evidências do que realmente pretendia Freyre (2006).
     Uma rápida busca na web aponta a tese de Freyre (2006) de que a família é a raiz brasileira e a partir dela formou-se o povo brasileiro. Eu iria mais longe, além de sua perspectiva sobre a posição central do núcleo familiar, Freyre (2006) aposta também na superioridade do negro ao índio e sobretudo ao branco. Isso sustentado pela sua forte influência sobre o amolecimento do idioma, o fim dos rr's e ss's, na culinária, na libido, no sistema produtivo, na superioridade na escrava negra sobre a branca nos afazeres domésticos e na criação das crianças, entre outros. Indubitavelmente o índio é tido como um personagem secundário no livro, e quando confrontados os senhores de engenho com os escravos, Freyre (2006) parece ter uma leve preferência pelos segundos sobre os primeiros.
     Pensemos agora no malabarismo que texto apresenta. Os argumentos, todos eles, são irrefutáveis da forma que foram apresentados. Todos linkados, divididos didaticamente em tópicos claramente identificáveis (mesmo que o texto não seja topificados). Aqui vai a heresia, Freyre (2006) pensou e argumentou de forma bastante quantitativa, e bateu fortemente em cada ponto, o mais forte que pode.
     Quem age assim não explora, descreve. Ele tinha claramente em sua cabeça todas as variáveis de comparação entre os índios, negros e brancos (por exemplo, culinária, higiene, libido...) e as submeteu a uma análise comparativa, baseado em fontes válidas. Em sua estrutura, fica claro uma possível apresentação das proposições de pesquisa, onde cada fator possível de comparação é uma variável.
     Imagino que esse trabalho tenha sido enorme. Mas sua solução é brilhante. Poderia uma mente menos brilhante simplesmente apresentar vícios e virtudes de cada um dos povos originais, mas Freyre (2006) teve a sacada de utilizar fatores parametrizáveis. Inclusive é perfeitamente possível apresentar uma tabela comparativa ao final do livro que sustente sua tese. Obviamente, sem modelagem.
     Hoje, qualquer tentativa de estudo descritivo sem pesquisa de campo não é levada a sério. Isso acaba de mudar em minha cabeça, acredito que seja perfeitamente possível replicar o método de Freyre (2006) em qualquer área do conhecimento. Duvido que com o mesmo brilho, mas certamente é possível.

Referencias

Tudo que foi falado é referenciado aqui.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal / Gilberto Freyre; apresentação de Fernando Henrique de Cardoso. - 51ª ed. rev - São Paulo: Global, 2006. ISBN: 85-260-0869-2



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