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18 de ago. de 2011
Teoria do conhecimento
Esse post apresenta o fichamento do livro Teoria do conhecimento que é de Alberto Oliva (2011) e integra a colação Filosofia Passo-a-passo.
Se epistemologia é comumente definida como teoria do conhecimento. Nada mais necessário que se aprofundar em teoria do conhecimento. Sabemos que o conhecimento é proveniente das crenças que devem ser justificadas sob determinada lógica, como foi visto aqui e aqui. Mas todo conhecimento é igual? Nops. Podemos apontar pelo menos 3 tipos de conhecimento, e eles são: (OLIVA, 2011).
1. Saber fazer: conhecimento por aptidão
É quando o conhecimento é usado com o sentido de saber como, de saber fazer (know how). O saber que possibilita a realização competente de algo é uma forma de conhecimento. Dispensa justificação por este ser adquirido (ou inato) sem necessidade de fundamentação. É livre à fundamentação teórica.
2. Conhecimento por contato
Conhecer ter ter estado lá, de ter entrado em contato direto. Neste caso o objeto é diretamente apreendido, não há necessidade de mediação de qualquer processo de inferência ou de qualquer conhecimento da verdade, baseado nos sentidos. É nele que Russell (2005) acredita estar o maior grau de certeza do sujeito ao se construir crenças, ou proposições.
3. Conhecimento proposicional
É o conhecimento por descrição, e sobre ele se aplica a definição de conhecimento como crença verdadeira e justificada. (já deu pra notar que eles se embolam uns com os outros). Como o conhecimento proposicional resulta da relação entre uma pessoa e uma proposição verdadeira, saber em que consiste essa relação - em especial, saber que condições são necessárioas e suficientes para S saber que P - é o grande desafio da epistemologia. É dele que se ocupa o livro de Oliva (2011) e que é fichado neste post.
O conhecimento diferencia-se da metodologia pois o segundo busca formas de como obter conhecimento, enquanto o segundo examina a si mesmo. A definição clássica de conhecimento - como crença verdadeira e justificada - requer também a existência de crenças verdadeiras e justificadas sobre como o conhecimento é possível. São essas crenças de segunda ordem que constituem a problemática central dos estudos epistemológicos. A epistemologia é conhecimento do conhecimento. (OLIVA, 2011, p.15).
Oliver (2011) argumenta que a epistemologia é caracterizada pela atividade de busca de conhecimento como um jogo puro do espírito, sem ambiência socioeconômica. Eu ainda não estou aceitando esta ideia muito bem, já que as crenças surgem de pressupostos que podem vir do conhecimento de contato, o contexto socioeconômico é sim incluso. Sustendo essa argumentação me baseando em Russell (2005).
Onde buscar conhecimento?
Questão destacada pela epistemologia é a referente às fontes do conhecimento. Tradicionalmente, são apontadas quatro fontes: a sensação, a memória, a introspecção (a apreensão de nossos próprios estados mentais) e a razão. As três primeiras costumam ser agrupadas sob a rubrica genérica de "experiência". As duas mais importantes e influentes à pergunta de onde provém o conhecimento têm sido: a experiência e a razão. (OLIVA, 2011)
As diversas escolas epistemológicas se diferenciam em relação a gênese do conhecimento. Bacon e Descartes advogam que o conhecimento tem uma e apenas uma "matriz genética", e que se pode ter total confiança nos resultados dela derivados. Para Bacon o que interessa é o empirismo, a observação (percepção). Para Descartes, é fruto do puto exercício da razão. (OLIVA, 2011).
Descartes então era cético em relação aos sentidos, pois acredita que se é capaz de chegar ao conhecimento verdadeiro e certo pela razão. Mas acreditava que o fato de não inspirar absoluta confiança, por eventualmente induzir a enganos, não é suficiente para desqualificar completamente uma fonte (mesmo porque pode ser que não exista outra melhor). Só cabe desconsiderar uma fonte (comprovadamente falha) quando se dispõe de alternativa superior. (OLIVA, 2011)
Teorias da justificação epistêmica
Primeiramente dividamos em dois grupos as teorias da justificação. Internalista no caso de todos os fatores requeridos para a justificação de uma crença serem diretamente acessíveis ao conhecedor, no caso de ele poder determinar por meio de introspecção cuidadosa se as crenças que adota são justificadas. Externalista é a que situa alguns dos fatores justificatórios para além do alcance (direto) do conhecedor. (OLIVA, 2011, p.52)
Entre os internalistas, existe ainda outra divisão, fundacionalismo e coerentismo. Já os externalistas se baseiam no confiabilismo. (OLIVA, 2011)
O Fundacionalismo
Ele acredita que existem algumas crenças que não necessitam de justificação baseada em outras (são completas por si só). Confiam na intuição racional e na inferência dedutiva. São representados principalmente por Aristóteles, Descartes, Russell e Carnap.
O Coerentismo
Para se justificar, qualquer crença depende das relações inferenciais que mantém com outras e com o sistema geral de crenças do sujeito. A busca de sólida justificação prescinde da hierarquização das crenças e da dependência estrutural de um tipo de crença a outro. S terá justificação para acreditar que p se e somente se o valor de coerência do sistema de crenças de S ficar maior com a inclusão da crença p do que ficaria sem ela. Pela concepção sistêmica de conhecimento, cada crença tem valor apenas posicional, funcional. Desse modo, não cabe falar de justificação individualizada, só de interativa. São representados por Bradley, Bosaquet, Blanshard e Neurath.
O Confiabilismo
A segurança dos processos. Enquanto o fundacionalismo e o coerentismo entendem haver uma imbricação entre conhecimento e verdade, o confiabilismo dá destaque aos fatores promotores da verdade, definindo justificação em termos de frequência na obtenção de verdades. Em 1929 Ramsey propôs uma versão pioneira do confiabilismo ao afirmar que uma crença é conhecimento se verdadeira, certa e obtida por meio de um processo confiável.
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