É recorrente lermos e ouvirmos a palavra epistemologia sendo utilizada de forma imprópria, indevida e errônea. Palavras como essa tem gosto doce na boca dos preguiçosos, que para qualquer discussão mais densa lhe jogam a responsabilidade e fazem cara de certeza: "mas isto é uma questão epistemológica!". O que criou uma legião de analfabetos funcionais epistemológicos. Eis que as definições (sim, no plural) são bem mais simples do que parecem, e ao contrário do uso corriqueiro, elas criam níveis de comparação possíveis e não impossíveis.
Algumas definições prévias para epistemologia:
- "A epistemologia, também chamada teoria do conhecimento, é o ramo da filosofia interessado na investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes. O que é o conhecimento? Como nós o alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético?". (GRAYLING, 1996)
- "Epistemologia ou teoria do conhecimento (do grego"episteme" - ciência, conhecimento; "logos" - discurso), é um ramo da filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados à crença e ao conhecimento." (BOFF, 2007)
- "Do grego epistéme, ou seja, "ciência" ou "conhecimento", e logos , que significa "discurso". Epistemologia é o estudo crítico das ciências, com o objectivo de determinar a sua origem lógica e o seu valor. É a teoria do conhecimento e da sua validade. A epistemologia, ou filosofia da ciência, é a disciplina que examina os problemas relativos ao significado da ciência, à sua estrutura e ao seu papel." (LOPES, 2010)
Epistemologia é definida como teoria do conhecimento, mas também entram aqui as teorias da investigação e teorias da justificação. É verdade que as teorias da investigação não são abordadas por grande parte dos epistemólogos, que deixam essa tarefa para pessoas mais preocupadas com metodologias de pesquisa
Se de fato investigar não é próprio dos epistemólogos, nos resta uma preciosa pista na direção do que estas pessoas fazem, elas se preocupam com o conhecimento proposicional (DUTRA, 2010). Ou seja, as pessoas criam sentenças declarativas que tem a função de descrever o estado das coisas.
Que fique claro: a epistemologia não se preocupa com como foram criadas as sentenças declarativas, mas se preocupa com sua justificação.
Ou seja, "a epistemologia (teoria do conhecimento) deve explicar de que maneira o conhecimento proposicional pode ser justificado" (DUTRA, 2010). Eu fico com essa definição e descarto todas apresentadas anteriormente sobre a prerrogativa de que são demasiadamente superficiais. Entenda-se por justificar: A sustentação das opiniões e afirmações de forma não apenas convincente, mas imune a críticas razoáveis (DUTRA, 2010).
Senhoras e senhores, chegamos na mais pura tangibilidade do conceito epistemologia, você elabora uma tese (uma proposição ou mesmo hipótese) e escreve uma dissertação para justificá-la (no sentido que acabei de apresentar) e desta forma, tudo que faz entre o insight original e a aplicação do método de pesquisa é epistemologia. Não importando para essa disciplina de onde veio sua ideia e muito menos como irá investigá-la
Os recursos que restam então aos epistemólogos são puramente lógicos e analíticos (DUTRA, 2010). Só que
Meu objetivo aqui era simplesmente esse, definir o termo epistemologia. Com mais tempo irei entrar de cabeça em cada uma das principais escolas do conhecimento com um objetivo claro e definido: retirar dela os mecanismos lógicos e analíticos que permitem justificar a minha sentença declarativa e deixá-la pronta para investigação.
Tarefa de casa: Volte para a figura inicial e diga se concorda ou não com ela e por quê. Dica: resposta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário