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25 de ago. de 2011

Afinal, o que é Inferência??



     Todos nós inferimos o tempo todo. E vez por outra vejo um artigo científico dizendo que também está o fazendo (quando na realidade não está). O conceito de inferência é muito simples e não carece de um longo post. Mas é muito importante e deve ser abordado.
     Existem duas formas de se chegar a um conhecimento. Através das construções lógicas (como foi visto aqui), ou através de inferência. Em comparação, a inferência é o processo mais simples de conhecimento, já que através da lógica necessitamos de um certo esforço intelectual. Inferência é conhecimento de algo unicamente pelo sentido e pelo nosso julgamento.
   Quando consideramos uma inferência do ponto de vista psicológico, o que está em questão é o conteúdo das proposições envolvidas, seus significados, e não a forma lógica do argumento que resulta em colocar tais proposições em relação, que é a preocupação da lógica. Inferir um objeto a partir de outro é então supor que certos dados ou informações testemunham a existência do objeto inferido. (DUTRA, 2010).
    Quando vemos um carro na rua e tomamos conhecimento dele como tal, realizamos um processo de inferência. Simples assim. Para toda e qualquer pergunta de pesquisa (simples) teremos uma resposta baseada em conhecimento inferencial. Sempre acharemos uma resposta pronta em nossa cabeça que consideramos verdade ou com grande probabilidade de ser real. Daí um motivo para o quase infindável processo de se propor algo inédito no doutorado, é impossível pensar em algo que não se conhece.
     Como nossas inferências podem estar erradas, obviamente, desejamos ter segurança em fazê-la. Isso tem relação com a necessidade de um critério para avaliarmos nossas inferências. Em geral, nossas inferências da vida real são aquelas que se apresentam como "a melhor explicação". (DUTRA, 2010).
     Neste caso, estamos tomando a inferência como o processo pelo qual passamos de certo objeto de conhecimento para outro, independente de se tratar de uma boa ou  de uma má inferência. Fazer uma inferência é presumir a existência de um objeto a partir de poucas informações (DUTRA, 2010).
     No seu livro, Dutra (2010) dá o exemplo de que se ao escutarmos barulhos de miado do lado de fora da casa, faríamos a inferência de que existe um gato no jardim. De fato isso é o nosso conhecimento, porém, existe também a possibilidade do barulho vir de uma caixa de som e não de um animal, dessa forma, inferências também podem nos levar a erros.
    O erro da inferência é comum. Na verdade nossos sentidos são limitados e em algumas situações podemos facilmente sermos enganados por ele (como aquiaqui), nos levando a um conhecimento que não corresponde com a realidade. Por este motivo, Russel (1994, p.149) afirma que "Onde for possível, construções lógicas devem ser postas no lugar de entidades inferidas". 
    A estratégia de construção (lógica) de objetos, quando é possível, é vantajosa por representar uma saída evasiva para o problema de distinguir ficção de realidade. Mas, como nem sempre as construções lógicas são possíveis, às vezes, não há maneira de ampliar nosso conhecimento a não ser por meio de inferências. Nesse caso, o problema do critério para separar realidade de ficção permanece, e a epistemologia deve lidar também com ele.


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