Mais vistos

27 de jan. de 2012

Summated Rating Scale Construction: Como construir uma escala no sul da flórida


  Paul E. Spector é professor de psicologia na University of South Florida. Seu livro Summated Rating Scale Construction é um bom manual de construção de escalas assertivas. Como todo livro texto peca em profundidade mas ganha em amplitude. É um guia bastante aconselhável para quem quer ter uma visão geral da coisa. E para aprofundar, o livro traz referências.
  Uma escala assertiva tem como característica não possuir resposta correta, então Spector (1992) afirma que elas não devem ser utilizadas para mensurar conhecimento ou habilidades. Sabe-se ainda que elas foram desenvolvidas por Likert (1932) para mensurar atitude, e está deve ser a aplicação deste tipo de escala, qualquer outra é adaptação e precisa antes ser validada para a função pretendida.
 Uma escala para ser considerada boa deve ser válida e confiável, Spector (1992) sugere algumas ações que devem ser tomadas para que se construa uma boa escala:

1. Definição do construto
  Um dos passos mais vitais para o desenvolvimento de uma escala é a tarefa conceitual de definir os construtos, para Spector (1992) uma escala não pode ser desenvolvida se inicialmente o construto não for claramente delineado.
  Uma das dificuldades das pesquisas em ciências sociais é que muitos construtos são abstrações teóricas, inobserváveis. Nesse contexto, a validação é possível, mas para Spector (1992) deve levar em consideração o seu significado em uma ampla rede teórica que descreva os relacionamentos entre muitos construtos.
  O primeiro passo para validação de construto segundo Spector (1992) é buscar na literatura se alguém já não fez essa validação anteriormente e utilizar essa base como ponto de partida.

2. Escala em si
 Após a validação do construto o próximo passo é definir como será a escala em si, como o respondente será abordado e de que forma poderá dar sua opinião. Spector (1992) apresenta três formas de permitir que o respondente se manifeste, por concordância (concordo totalmente, concordo parcialmente, neutro, descordo, descordo totalmente), por avaliação (excelente, bom, razoável, ruim, péssimo) ou por frequência (sempre, as vezes, nunca). Independente de qual seja a escolhida todas variam de pouco a muito e cada ponto deve receber um número. Ou seja em algum grau todas são inspiradas na escala Likert (1932) e se aproximam novamente nas análises.

3. Redação dos itens da escala
  Um bom item para Spector (1992) deve ser claro, conciso, não ambíguo e o mais concentrado possível, então cada item deve expressar apenas uma ideia. Entre o total de itens da escala, alguns devem ser invertidos (mas sem utilizar a palavra 'não'), deixar todos no mesmo sentido pode fazer o respondente não dar atenção devida a leitura e simplesmente marcar aleatoriamente um dos extremos que ele ache mais correto. As expressões e jargões são elementos dispensáveis na construção dos itens, mas o nível intelectual dos respondentes, que deve ser levado em consideração, que determina como será a redação do texto. É importante observar como é o vocabulário dos respondentes e utilizá-lo.

4. Instruções
  Spector (1992) relembra que as instruções do questionário são tão importantes quanto os items, sobretudo para respondentes que não estão acostumados a essa tarefa e podem não entender intuitivamente o que deve ser feito. É ressaltada novamente a questão da linguagem que deve utilizar o vocabulário adequado aos respondentes.

5. Pré-teste
  O pré-teste de Spector (1992) tem duas fases, uma onde especialistas analisam o questionário e dão opiniões e a outra onde é realizada uma amostragem com entre 100 e 200 respondentes para que sejam realizados os cálculos de de validação e confiabilidade.

5.1 Validação
  Validação é o passo mais difícil do projeto de escalas. Validar é interpretar o que o resultado da escala significa, se a escala possui consistência interna ela certamente está mensurando alguma coisa, mas determinar o que está sendo mensurado é o maior problema da construção de escalas segundo Spector (1992).
 Existem algumas técnicas de validação de construto que para Spector (1992) podem ser aplicadas a uma escala, são elas:

5.1.1 Validação de relações criteriosas
  Esse eu confesso que não entendi. Ele fala em comparar os valores (resultado das estatísticas) entre as variáveis. Isso então presume que já foram definidas as variáveis OK, e que algumas foram mensuradas OK e que de alguma forma o resultado das contas pode ser previsto e observado OK. Entendi agora.

5.1.2 Validação concorrente
  Também não dá pra entender nada, eu acho que nem Spector (1992) entendeu direito, no único parágrafo do livro que ele descreve a técnica é como se fossem criadas hipóteses e mensuradas todas as variáveis ao mesmo tempo. Ao final se calcula a significância estatística entre elas. OK vou anotar para buscar outras fontes.

5.1.3 Validação predicativa
  Spector (1992) fala que é igual a validação concorrente só que em vez de pegar os dados ao mesmo tempo, eles são coletados em momentos diferentes. Ah vá.

5.1.4 Validação de conhecimento de grupos
  Esse método consiste em validar se uma escala é capaz de observar diferenças de alguma ordem sobre grupos que hipoteticamente são diferentes. É obvio que tem um furo aqui, se os grupos não forem diferentes a escala que não é válida, a hipótese que está errada ou simplesmente o grupo que se achou heterogêneo é simplesmente homogêneo? Achou melhor aplicar apenas a grupos que já se tem certeza que são distintos, mas nesse caso para que serve uma escala de mensuração de algo que já foi mensurado?

5.1.5 Validação convergente e discriminante
 Validação convergente para Spector (1992) significa que diferentes mensurações de um mesmo construto irão se relacionar fortemente um com o outro. Validação discriminante é quando duas escalas de mensuração de diferentes construtos são pouco relacionadas uma com a outra.

5.1.6 Análise fatorial
  O uso da análise fatorial é recomendado para se observar se todos os itens da escala estão mensurando o mesmos construto. É um tema muito denso para ser resumido em um parágrafo, então não o farei, depois escrevo um post inteiro sobre isso.

5.2 Confiabilidade
  O melhor coeficiente de confiabilidade para Spector (1992) é o alfa de Cronbach que já falei aqui, então tchau.





Nenhum comentário:

Postar um comentário